Em uma entrevista, Thiago*, um jovem estudante de Engenharia de Software, conta que começou a tomar Ritalina em festas e, posteriormente, passou a usá-la para melhorar seu desempenho acadêmico. Seguindo o exemplo de colegas, ele percebeu um aumento na sua capacidade de realizar tarefas e decidiu usar o medicamento regularmente com o objetivo de melhorar seu rendimento nos estudos.
No entanto, especialistas alertam para os riscos desse tipo de prática. O psiquiatra Eugênio Grevet classifica o uso de remédios como Ritalina e Venvanse por pessoas sem TDAH como “dopping cognitivo”. Ele explica que esses medicamentos atuam diretamente no sistema nervoso central, regulando os níveis dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina. No caso de pessoas sem TDAH, que já possuem níveis normais desses neurotransmissores, o uso desses medicamentos pode causar efeitos contrários ao desejado, resultando em queda no desempenho e trazendo riscos à saúde, como aumento da frequência cardíaca e pressão arterial.
Além disso, o uso desses medicamentos de forma recreativa também preocupa os especialistas. Nas baladas, alguns usuários transformam as pílulas em pó e as inalam para obter um efeito mais rápido. No entanto, essa prática pode causar danos ao pulmão devido à falta de absorção adequada, além de dificultar o controle da quantidade ingerida.
É importante ressaltar que a venda desses medicamentos sem receita médica é proibida e há uma regulação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, o comércio paralelo ainda acontece de diversas formas, como a revenda de comprimidos por pessoas que possuem prescrição médica.
Diante desse cenário, é fundamental conscientizar a população sobre os riscos e consequências do uso inadequado desses medicamentos. Além disso, é preciso promover políticas de prevenção e fiscalização para combater a venda ilegal e o uso recreativo dessas substâncias.
Em nota, as farmacêuticas Novartis e Takeda Pharma, fabricantes da Ritalina e do Venvanse, respectivamente, reiteram que esses medicamentos devem ser utilizados apenas por pacientes com TDAH ou outras doenças indicadas na bula, e são contra qualquer tipo de uso sem prescrição médica.
Portanto, é necessário conscientizar a população sobre os riscos do uso indiscriminado dessas substâncias, bem como promover o uso responsável de medicamentos apenas sob prescrição médica.