Governo de São Paulo contrata plataforma de educação por mais de R$ 30 milhões sem licitação

O governo de Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, realizou uma contratação no valor de mais de R$ 30,8 milhões para uma plataforma de educação que fornecerá videoaulas e jogos digitais, sem a necessidade de licitação. A Secretaria de Educação, comandada por Renato Feder, foi responsável por essa contratação, que teve como objetivo cumprir a promessa do governador de incluir aulas de programação no currículo de todas as escolas de ensino médio de São Paulo.

De acordo com a secretaria, a contratação sem licitação foi permitida pela legislação nacional, que permite dispensar a licitação quando não há competição entre empresas devido a aspectos técnicos exclusivos oferecidos pelo fornecedor em questão. No entanto, a pasta não informou quais são esses aspectos técnicos exclusivos oferecidos pela Alura, empresa responsável pelo fornecimento da plataforma. A solicitação do acesso ao contrato e ao processo de inexigibilidade de licitação feita pela Folha também não foi atendida pela secretaria.

Essa não é a primeira vez que a Secretaria de Educação contrata uma plataforma educacional sem licitação. Anteriormente, a pasta decidiu comprar 200 milhões de livros digitais da empresa Bookwire, mas desistiu do contrato após a repercussão negativa sobre a escolha do material didático. A secretaria afirmou que apenas essas duas empresas tiveram contratos firmados sem licitação e que a rescisão do contrato com a Bookwire não causou prejuízos financeiros.

Especialistas em direito público alertam que, apesar de ser permitido pela legislação, o alto valor do contrato feito pela Secretaria de Educação levanta questionamentos. É necessário comprovar que o produto adquirido é exclusivo e não oferecido por outras empresas. A Alura foi contratada para fornecer jogos digitais, videoaulas, conteúdos e atividades em programação de computadores, e o contrato prevê acesso à plataforma para cerca de 2,5 milhões de pessoas.

A Alura, fundada em 2004 pelos irmãos Paulo e Guilherme Silveira, é conhecida como uma escola de tecnologia e possui cursos em parceria com youtubers, podcasters e blogueiros em seu portfólio. A empresa também foi contratada para fornecer ferramentas digitais para as escolas estaduais do Paraná em 2020, quando Renato Feder era secretário do estado.

A gestão de Feder à frente da Educação paulista tem sido marcada por polêmicas devido à implementação de ferramentas digitais nas escolas. Ele chegou a propor a substituição dos livros didáticos físicos por materiais digitais, mas teve que recuar após críticas e ações judiciais. Em agosto, o Ministério Público decidiu abrir inquéritos para investigar decisões do secretário, como a renúncia ao material didático do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) e um possível conflito de interesses pelo fato de ele fiscalizar contratos da secretaria com uma empresa da qual é acionista.

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